“A última noite do Capitão” sobe ao palco do teatro em Silves

“A última noite do Capitão” sobe ao palco do teatro em Silves

O Teatro Mascarenhas Gregório apresenta no próximo dia 4 de maio, pelas 21h30, a peça “A última noite do capitão”, por Filipe Crawford. A iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Silves, tem entrada livre.

Trata-se de um monólogo que relata a vida de Francesco Andreini, cómico dell’arte, afastado das tábuas do palco e nostálgico dos anos de glória da comédia italiana dos finais do sec. XVI, e que escreve uma carta ao seu antigo mecenas. Esta carta será a chave que abre o álbum de recordações dos sucessos obtidos há mais de 400 anos. A encenação é austera, sem recurso à música ou a efeitos de luz, transitando entre a tragédia e a comédia, entre a alegoria e a crua realidade, num registo de teatro intimista onde sobressai o relato pungente de Andreini, e a fantasia do Capitão, personagem que, segundo Julio Vélez-Sainz, seria o gérmen inspirador de Don Quixote de Cervantes.

+ sobre “A última noite do capitão”, de Felipe Cabezas

Tragicommedia dell’arte, adaptação livre de “Le Bravure de Capitano Spavento” (1619) do cómico Francesco Andreini (1548-1624). Este monólogo relata a vida de Francesco Andreini, cómico dell’arte, afastado das tábuas do palco e nostálgico dos anos de glória da comédia italiana dos finais do sec. XVI. Uma carta que escreve ao seu antigo mecenas é a chave que abre o álbum de recordações dos sucessos obtidos há mais de 400 anos. Num estilo muito próximo do “Canto do Cisne” de Tchecov, e do “El Canto de la Rana” de Sinisterra, de carácter histórico, mas, neste caso, passada nos inícios do séc. XVII em Itália, utilizando as máscaras de couro da Commedia e salvando do esquecimento monólogos exultantes e barrocos ditos pelo Capitão, recopiados do texto original de 1619 “Le Bravure di Capitano Spavento” criando deste modo uma adaptação de um dos livros mais sugestivos da Commedia dell’arte, livro que foi motivo de inspiração, plágio e veneração, entre os comediantes desde 1600 até hoje. A encenação é austera, sem recurso à música ou a efeitos de luz, transitando entre a tragédia e a comédia, entre a alegoria e a crua realidade, num registo de teatro intimista onde sobressai o relato pungente de Andreini, e a fantasia do Capitão, personagem que, segundo Julio Vélez-Sainz, seria o gérmen inspirador de Don Quixote de Cervantes.

Filipe Crawford é o intérprete desta versão portuguesa da peça de Cabezas, também ele comediante especialista na Commedia dell’Arte, que, com 60 anos assume aqui a personagem de um velho ator que já foi famoso e se encontra agora esquecido e na miséria. Para além do interesse histórico e teatral da peça, que é uma lição de teatro, pretende-se com a sua temática alertar também para a precaridade trágica da vida dos artistas, muitas vezes condenados a um fim de vida votado ao esquecimento.

Categories: CULTURA, SILVES

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